sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Prof. Dr. Jung Mo Sung (pós-doutorado em Educação, doutor em Ciências da Religião) Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, (o Programa tem nota 6 na avaliação Capes, na escala de 1 a 7)

Há várias razões que justificam e demandam o fortalecimento dos cursos de Ciências da Religião, tanto na pós-graduação, quanto na graduação.
       
        1) A globalização econômica criou uma situação mundial em que as diferentes culturas e religiões, que no passado estavam relativamente isoladas uma das outras, estão se interpenetrando e se encontrando e se confrontando continuamente. Esse encontro deveria se dar de uma forma respeitosa, mas o não-conhecimento das outras religiões e culturas leva as pessoas e sociedades a julgar o mundo do outro a partir das suas categorias e, com isso, acaba criando relações de conflitos marcados por preconceitos. Não é a toa que muitos cientistas sociais colocam o conflito entre culturas e religiões como um dos grandes desafios do nosso tempo. A única forma de superar os preconceitos, que estão na base desses conflitos , é o conhecimento das tradições religiosas e culturais dos outros povos. O conhecimento de outras tradições nos ajudam a conhecer as nossas próprias e ver a sua historicidade e relatividade.
        Na estrutura curricular das nossas escolas e também na divisão do trabalho acadêmico, o estudo das religiões é uma assunto marginal em algumas das ciências ou disciplinas da área de humanas e sociais. O novo campo do conhecimento "Ciências da Religião" (qu e é reconhecido como uma sub-área pela Capes) é fundamental para superar essa situção. Esse campo é relativamente novo no Brasil, um pouco mais de 30 anos, mas já tem mais de 100 anos na Europa e nos Estados Unidos.
       
        2) No processo educativo, devemos estar atentos para dois aspectos complementares para uma boa formação para a vida pessoal e na sociedade: a) aspectos técnicos-operacionais, b) educação para um sentido humanizante da vida. As ciências modernas, que formam a concepção educacional predominante hoje, se concentraram no primeiro aspecto. Hoje está claro que os sistemas educacionais também precisam lidar com o segundo aspecto. Nesse sentido, ciências da religião, diferentemente das catequeses oferecidas pelas Igrejas, podem oferecer uma visão mais ampla das possibilidades de sentidos de vida que a histórica da humanidade encontrou ou elaborou. Ao mesmo tempo, ciências da religião pode oferecer discussões sobre temas que a filosofia, por sua concepção tem mais dificuldade. Por exemplo, abordar dimensões simbólicas e espirituais da vida humana (espiritual entendido aqui como a força que move as pessoas em direção ao sentido desejado) e também sobre tradições e vidas de pessoas que marcaram a caminhada das civlizações humanas. O que leva um jovem a mudar o sentido da sua vida não é a descoberta de um conceito, mas exemplos de pessoas e povos que viveram um sentido diferente mais humano de vida.
       
        3) Em resumo, o campo do conhecimento ciências da religião é uma "ferramenta" fundamental na educação de dois dos quatro pilares da educação propostas pela Unesco: a) aprender a aprender, b) aprender a fazer, c) aprender a ser, d) aprender a conviver.
       
       
        Prof. Dr. Jung Mo Sung (pós-doutorado em Educação, doutor em Ciências da Religião)
        Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, (o Programa tem nota 6 na avaliação Capes, na escala de 1 a 7)

Dr. Eduardo Gross - coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG

À Reitoria da USJ
Conforme solicitação do professor Diógenes Ramos, apresento aqui algumas observações relativas à importância do estudo acadêmico da religião, tarefa na qual estou empenhado assim como os docentes do curso de Ciências da Religião desta universidade.
No Brasil, o estudo acadêmico da religião foi um tabu, até há pouco tempo. Infelizmente, resquícios disso, infelizmente, continuam presentes em nosso meio. Entendo que isto se deve a dois fatores complementares. De um lado, à mentalidade positivista redutora que dominou o cenário acadêmico, de outro a uma divisão de trabalho que outorgou o estudo da religião a detentores de poder nas instituições religiosas. Não é desejável que esta situação se mantenha, no que diz respeito a uma esfera de conhecimento que lida com um aspecto vivencial generalizado na sociedade. Os estudos de ciências da religião tem, nesse sentido, uma tarefa fundamental, não só ao tratar de um tema importante, mas também ao questionar uma forma míope de enxergar o que seja ou não digno de figurar nos estudos e pesquisas acadêmicos.
Cursos de ciências da religião começaram a surgir na Europa na virada do século XIX para o século XX. Nasceram como cursos independentes de confessionalidade e com a preocupação de estudar um aspecto da vida humana que se apresenta multifacetado, de acordo com a cultura em que se encontra, mas simultaneamente mostrado características que permitem comparações e analogias entre estas manifestações particulares. Até hoje, uma grande parcela de universidades renomadas contam com cursos de Ciências da Religião. A nomenclatura destes cursos varia, de acordo com os países, entretanto. "Religionswissenschaft" (Ciência da Religião) é o nome comum na Alemanha, com correlatos nas demais culturas de línguas germânicas; "Sciences Religieuses" (Ciências religiosas) é o nome comum na França, embora também se encontre "Sciences des Religions" (Ciências das religiões); nos países anglo-saxônicos, o mais comum é o termo "Religious Studies" (estudos religiosos), ma
s também se deveria citar os cursos das "Divinity Schools", já que alguns tem um caráter teológico mas outros não tem caráter confessional.
No Brasil há hoje cursos de Ciência(s) da(s) Religião(ões) em diversas universidades. Inicialmente surgiram os programas de pós-graduação, que estão hoje nas seguintes universidades: Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Metodista de São Paulo, Universidade Católica de Goiás, Universidade Católica de Pernambuco, PUC-MG, PUC-SP e Universidade Presbiteriana Mackenzie. Como toda área acadêmica, estes programas apresentam peculiaridades teóricas, inclusive manifestadas no nome dos programas. Mas todos se caracterizam pela busca de um conhecimento profundo e isento da religião. Simultaneamente, representam um avanço fundamental para o desenvolvimento da pesquisa sobre o assunto.
Mais recentemente surgiram inúmeros cursos de graduação em ciências da religião, um movimento que não conseguimos acompanhar devido à sua amplitude. Inclusive nosso departamento tem o projeto, já aprovado, de criação de uma graduação em breve, dentro do programa de expansão das universidades federais.
Pessoalmente, considero este processo algo muito necessário para nosso ambiente brasileiro. Diz-se que o povo brasileiro é muito musical e religioso, entretanto, música e religião são disciplinas secundárias, na mente de algumas autoridades, para a formação de nossos cidadãos. Deste modo, não se desenvolve o conhecimento crítico destes temas. A musicalidade e a religiosidade ficam assim à mercê da exploração desenfreada, que muitas vezes não encontra a resistência necessária por ausência de uma formação reflexiva profunda.
Espero assim colaborar com alguns elementos que enriqueçam a reflexão nesta universidade, no sentido de um reconhecimento da importância não só imediata que tem a existência de cursos de ciências da religião, no sentido de formação de profissionais do ensino, mas de sua importância mais ampla para uma mudança de perspectiva a respeito da religião, de sua situação na sociedade e da auto-compreensão das personalidades que por ela são afetadas.
Atenciosamente,
Dr. Eduardo Gross - coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG

Prof. Flávio Senra Coordenador do PPGCR PUC Minas

Prezado Prof. Diógenes Ramos

Reitero de nossa parte o apoio do Programa de Pós-graduação em Ciências da
Religião da PUC Minas.
O fato dos senhores desenvolverem em nível municipal a formação acadêmica
em Ciências da Religião deveria ser um fato destacado em todo território
nacional. São tantos os casos em que a formação dos professores da área de
cultura religiosa/ensino religioso está nas mãos de instituições
eclesiásticas que, no vosso caso, esta iniciativa em curso merece toda
atenção e apoio dos programas da área.
Neste sentido, animamos a todos os colegas de sua Universidade a
destacarem a importância da pesquisa acadêmica e não-confessional do
fenômeno religioso. Sabendo tal fenômeno maior que instituições e
interesses particulares, caiba à instuição republicana assumir o estudo
deste tema em base plural e científica.

Atenciosamente,

Prof. Flávio Senra
Coordenador do PPGCR PUC Minas
www.pucminas.br/ppgcr

Prof. Dr. Etienne A. Higuet

Estimados senhores,
Sou professor no Programa de Pós-graduação em Ciências da religião da Universidade Metodista de São Paulo há muitos anos e fui informado recentemente da intenção de extinguir o curso de graduação em Ciências da Religião da Universidade Municipal de São José-SC, curso pioneiro no âmbito da Universidade Brasileira. Gostaria de manifestar o meu apoio à manutenção do curso, em razão da sua importância no conjunto das áreas contempladas pelos cursos de graduação e pós-graduação. O estudo da religião é imprescindível para a compreensão dos processos econômicos, políticos e culturais do mundo atual, em fase de globalização. Bastaria lembrar os conflitos atuais no Oriente Médio e no Afeganistão, assim como no coração da África, no subcontinente indiano e paquistanês, entre muitos outros. Todos esses conflitos apresentam uma dimensão religiosa essencial. A sociedade brasileira, passada e atual, sempre foi muito marcada pelo encontro entre o cristianismo, católico e protestante, e as religiões indígenas e africanas. É claro que já existiam estudos de religião na Universidade antes da implantação dos cursos de Ciências da Religião, mas ficavam isolados em alguns departamentos como a sociologia e a psicologia. Havia um grande risco de não estudar a religião de um modo orgânico e integrado, o que exige a percepção das relações entre os fenômenos externos e internos na vivência humana.
Por outro lado, um mercado de trabalho está se abrindo atualmente, com a expansão do ensino religioso nas escolas. Os graduados em ciências da religião podem também cursar a pós-graduação Lato e Stricto Sensu, o que permite aceder ao magistério superior.
Conheci pessoalmente o professor Diógenes Ramos em encontros organizados por nosso Programa, apresentando comunicações e escrevendo artigos para as revistas Estudos de Religião e Correlatio, reconhecidas pelo seu excelente nível pela CAPES. O nosso Programa é atualmente o único a ter recebido a nota 6 pela avaliação da CAPES. A maioria dos nossos alunos formados ocupa atualmente cátedras de magistério superior, tanto em instituições públicas quanto privadas.
Por esses motivos, tomo a liberdade de insistir para que a sua Universidade reveja a sua posição e mantenha em vida um programa de tamanha importância.
Sem mais, despeço-me com estima e consideração.
Atenciosamente,
Prof. Dr. Etienne A. Higuet
Professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo.

JC AVELINO DA SILVA

Sou professor do Programa de Ciências da Religião - Mestrado e Doutorado - da Universidade Católica de Goiás e, como parte do apoio ao curso de Ciências da Religião de São José, que tem sofrido críticas de alguns pares, gostaria de convidá-lo a participar do III Congresso Internacional de Ciências da Religião, a se realizar em novembro (9 a 11) deste ano, nas dependências da Universidade Católica de Goiás. Maiores informações no sítio da UCG.
Além disso gostaria de presentear a biblioteca de seu curso com dois livros que lancei recentemente. Minha área de pesquisa são as religiões helênicas ("A Deusa Mãe Minóica") e o simbolismo na pré-história ("O Sagrado e a Individualidade"), assunto dos livros que tenho publicado nos últimos anos.

Ensino Religioso

Creio que deveriamos começar uma campanha e mandar para o senado ( agencia@senado.gov.br ) e-mails mais ou menos como esse em relação ao ensino religioso nas escolas
CAros senadores e senadoras, quero lhes dizer que é uma vergonha essa enquete sobre ensino religioso que vcs lançaram, nao tem cabimento, é uma falta de respeito para com o povo brasileiro, com sua historia e tradições. é também uma falta de noção sobre o próprio avanço das ciências que na atualidade consideram as religiões como objeto de estudo. O ensino religioso sempre foi obrigatorio. O Estado tem o dever e a obrigação de oferecer a todos os alunas (a menos que o aluno/a despreze esse conhecimento...) porém a pergunta é absolutamente tendenciosa e irresponsavel. O senado, se fosse um pouco mais sério, deveria fazer a pergunta: O Estado deve ou nao oferecer o Ensino REligioso nas escolas? e nao essa idiotice de enquete que pretende tirar o foco da questao, desresponsabilizando o Estado. Se respondemos SIM, estariamos dizendo que pode ser ou nao oferecido, justamente por ser facultativo; se respondemos Não (mesmo que o nao fosse para o termo facultativo, porque desejariamos que fosse obrigatorio) então sim o Estado ENTENDERÁ que deve deixar de oferecer. Precisamos nos mobilizar e exigir o ensino religioso obrigatorio, assim como cursos profissionalizantes (licenciaturas) nessa área do conhecimento, (que também é obrigação do Estado oferecer e até agora quase nada fez nesse sentido). O fenêmeno religioso, a historia das religiões, e a sabedoria religiosa acumulada em milhares de anos de historia nao pode ser ridicularizada assim pelos senadores e governantes que SE DIZEM do povo!!! O aluno(a) tem o direito de saber... Estou indignado com os senadores e senadoras por permitir/lançar uma enquete irresponsável como essa.
Gilberto
(assinaturas...)