sábado, 5 de setembro de 2009

Wilson Diniz: Igreja e Estado - Apesar de vetada pela Constituição, relação entre igrejas e o poder cresce

Professor e economista

Rio - Estudos acadêmicos no campo da Ciência Política e do Direito deveriam ser a fonte para se discutir sistemas de comunicações, partidos políticos e religião. A Constituição é clara no artigo 221 sobre as funções do rádio e da televisão.

No artigo 54, impede que congressistas tenham contratos com concessionárias de serviço público e, no artigo 19, estabelece restrições ao Estado em manter relações de alianças com representantes de religiões ou igrejas.
A realidade é outra. Artigos da Constituição não são cumpridos, e os deputados e os senadores loteiam concessões de rádios e TVs e projetos religiosos acordados são votados em regime de urgência.

O ex-primeiro-ministro Tony Blair, no livro “Minha Visão da Inglaterra”, afirma que é cristão, mas não suporta políticos que se utilizam de Deus para seus propósitos. Ele conclui que é um cristão ecumênico e tem dificuldades em entender os debates rancorosos entre católicos e protestantes. É lamentável que essa visão não predomine nos discursos da maioria dos congressistas no Brasil.

Os escândalos e a crise de valores que colocam no banco dos réus líderes religiosos – bispos da Igreja Universal e padres católicos — e o Senado nas primeiras páginas dos jornais não podem ser debatidos com a paixão de fiéis e de militantes partidários.

Nas eleições de 2010, o eleitor pode fazer sua revolução “francesa”, se surgirem candidatos com plataforma que pregue a razão e a separação da religião da política. Na Revolução Francesa, o dízimo foi suprimido e a Constituição Civil separou a Igreja do Estado. Caminhamos para um Estado Confessional?

Nenhum comentário:

Postar um comentário